quinta-feira, 26 de abril de 2012

chegou a hora do pousio


Às vezes nem sei se são as palavras que fogem de mim ou se sou eu que fujo delas. A verdade é que o meu coração tem tanta coisa para contar ao papel que eu tenho medo do que ele vai deixar escapar. Ultimamente, sempre que tento escrever quebro a promessa de deixar os destinatários de lado e volto a escrever-lhe. Sim, a ele. É que sabem... ele voltou à minha vida, de uma forma diferente, mas voltou. E eu tenho andado tão nas nuvens que oh, tenho medo que as palavras me atraiçoam e me façam levar com a chuva em cima. Não quero que o meu coração se iluda e eu sei que a escrita é rainha nisso. Escrever-lhe seria como deitar fermento no meu amor por ele e eu não quero isso. Não quero porque o que temos agora é amizade, só isso e nada mais. E é assim que eu quero que continue, não quero estragar nada com lágrimas nem revoltas, quero ficar assim. Com esta paz e esta alegria a emanar em mim. Por isso tenho fugido das palavras, ou as palavras (certas) têm fugido de mim. Não sei bem. Acho que preciso de um tempo de pousio. Preciso de parar para recomeçar, ou então isto vai deixar de dar fruto. Não sei quanto tempo demorará, nem se demorará algum tempo ou se amanhã já volto aqui com as palavras guardadas no bolso. Sei que tenho que ir lá não sei onde e voltar com as ideias no lugar e os sentimentos arrumados. E aí, aí pode ser que volte a dançar de mãos dadas com as letras ao som da caneta a roçar no papel. Quem sabe. Até lá, "façam o favor de serem felizes" cubos de açúcar.

domingo, 22 de abril de 2012

Ando numa crise horrível em que não consigo escrever nada de nada. Odeio isto.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

eu, a biblioteca e as palavras


É engraçado como já frequento este sítio há imenso tempo e nunca me deu para escrever aqui. Aqui que estou rodeada de livros, num silêncio que me deixa ouvir a chuva a bater na janela e a cair na calçada. Aqui onde tantas pessoas se sentam a ler o jornal, onde tiram o computador das mochilas pesadas e fazem os trabalhos de grupo, onde universitários passam a época antes dos exames rodeados de folhas e canetas, onde estudantes do secundário serenam nas tardes livres e nas vésperas dos exames nacionais, aqui onde nos sentamos no sofá e devoramos mais um livro, aqui onde tenho passado os meus dias, aqui, na biblioteca. Nunca me deu para sacar do papel e deixar-me levar pelo prazer de sentir a caneta acariciar-me os dedos e as palavras saltarem de alegria ao sentirem-se livres enquanto milhares de história me encobrem o coração, mas digo-vos, é uma sensação maravilhosa. É aquela sensação de estarmos a jogar em casa, sabem? É como se olhasse para os livros e eles sorrissem para mim, como se estivessem a agradecer-me por deixar aqui mais umas dúzias de palavras a fazerem-lhes companhia. É tão bom, e por mim continuava aqui a deixar que a minha alma se estampasse nesta folha enquanto sentia a paz crescer em mim. Por mim ficaria aqui a escrever... eternamente. Mas as folhas com centenas de exercícios estão a chamar por mim. A chamar? A gritar, digo. 
Ultimamente tenho escrito muito sobre isto, não tenho? Sobre as palavras, sobre a escrita, sobre o papel e a caneta. Eu sei que sim, coisas da falta de inspiração.

domingo, 15 de abril de 2012

O coração e as palavras


Quando o meu coração anda aos pulos, as palavras fazem o mesmo. Quando o meu coração está desarrumado, as palavras também se perdem nas entrelinhas. Quando o meu coração aperta, as palavras também se encolhem num cantinho bem escondido da minha vida. Quando o meu coração quer fugir, as palavras fazem-no mesmo, fogem, correm, atropelam-se e magoam-se. E aí o meu coração magoa-se com elas. E é assim. As palavras e o coração, o coração e as palavras, como se fossem um. Estão na vida um para o outro como está a faca para o queijo, como está o açúcar para o café, como está uma mãe para um filho ou como está a lua para a noite. É por isso que fujo daqui. Fujo deste coração sem açúcar porque o meu anda aos pulos, está desarrumado, apertado, com vontade de fujir, e às vezes, com vontade de deixar de bater... e as palavras, oh essas acompanham-no, sempre de mãos dadas e de almas coladas. A culpada sou eu, sei-o de cor. Fui eu que os eduquei assim, como amantes eternos, e agora padeço desta dependência colossal que os une numa linha invisível, que os une um ao outro e os leva daqui até ao infinito. É tudo muito bonito quando o coração serena e deixa que as palavras lhe cantem ao ouvido. Mas quando ele não está bem, quando a vida lhe parece um frete e quando se cansa de bater, aí até faz faísca. Aí até as palavras se encolhem e arrepiam só de se aproximarem. E a mim... a mim dói-me. Dói-me expor-me numa folha branca. Porque na verdade, é assim que me sinto, uma folha branca. E preenchê-la, deixar que a escrita a decore, é como negar aquilo que eu hoje sou. Mas mesmo assim, aqui estou. Aqui estou a preencher uma folha branca, a sentir as faíscas no meu coração, e as palavras a temerem saírem-me pelos dedos. Mas aqui estou, porque isto é mais forte que eu. Escrever é mais forte que eu. E eu odeio não controlar este vício, ai como odeio.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

porque és o meu aquário


Tu não sabes, aliás, quase ninguém sabe, mas a escrita é o meu maior refúgio. É aqui que eu me escondo quando a chuva bate forte demais na janela do meu coração, é aqui que eu deixo as minhas energias negativas saírem-me pelas pontas dos dedos. Hoje trouxe-te comigo. Hoje trouxe-te debaixo do braço e guardei-te no cofre das palavras felizes, é lá que mereces estar. Quero que te deixes levar seja pelo que for, mas deixa-te ir, deixa-te baloiçar ao sabor do vento, deixa que a lua te beije a alma e que as estrelas te aqueçam o coração. Deixa para lá as nuvens que teimam em encobrir os dias e despe-te. Despe essa pele que não te deixa ser quem realmente és, despe-te desse muro que te encobre. Deixa-te ficar aí, sente as palavras embrulharem-te na paz que aí deixei só para ti. Deixa o teu coração serenar. Deixa-o conversar com quem vier para ficar. Deixa que ele se abra, é preciso deixar a casa arejar, sabes? Talvez não o saibas (ainda), mas é. É preciso deixar novos ares entrar para que os velhos saiam. Para que possam voar para terras longínquas. Não dói nada lavar o coração, e a sensação que vem a seguir é tão boa que oh, nem te sei explicar. Mas confia em mim, confia que eu não quero mais nada para ti além da tua felicidade. Mas uma felicidade verdadeira e inteira. Não quero mais sorrisos fingidos nem fortalezas de vidro. Como te disse, eu tenho medo que um dia o mar engula o castelo, é que depois vai ser bem mais difícil encontrar-te no meio das ruínas. Eu não quero isso. Eu gosto que sejas forte, mas não o tempo todo, entendes? Eu estou aqui, sempre e para sempre, my sister.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

o Amor


Existem duas fases no amor: quando ele bate à porta e quando ele bate a porta. E lá está, mais uma vez, a nossa língua com as suas matreirices... como um assento muda tudo, tudo menos a dificuldade em se aceitar cada uma das situações.  Quando o amor bate à porta é tudo estranho, parece que o nosso cérebro se esquece dos amores passados e o nosso coração, esse esquece-se das desilusões que já sofreu. E então voltamos a sentir as borboletas na barriga, as mãos suadas e as maçãs do rosto coradas sempre que a pessoa vem e nos embrulha naquele cheiro que é capaz de nos levar à lua em meros segundos. O cérebro acha que nunca sentiu nada assim e o coração esquece-se de que já viu este filme. Voltamos a acreditar em histórias encantadas, em finais felizes e no Para Sempre. Achamos que o nosso amor é diferente de todos os outros, que é mais forte, maior, mais verdadeiro, mais isto e aquilo e que por isso vai ultrapassar todas as barreiras. Mas, mesmo assim, custa, custa chegar e abrir a porta para o amor, aceitar que ele (finalmente) chegou. Depois de o fazermos achamos que tudo volta ao normal, mas esta normalidade é bem mais colorida, cheia de arco-íris e de estrelas cintilantes. O amor entra. Começa por se sentar timidamente no nosso sofá e acaba a usar a nossa cama ou a abrir o nosso frigorífico como se em sua casa estivesse. Usa e abusa desta nova casa - o nosso indefeso coração. Quando se cansa, faz as malas, veste o casaco e vai. Sem aviso prévio nem tempo para despedidas. Vai e bate a porta, bate-a com ainda mais força do que aquela que bateu quando desejava entrar. E aí nós estremecemos, perdemos o equilíbrio e o nosso coração fica frio. Aí o cérebro lembra-se que não foi a primeira vez que isto aconteceu, mas inteligente como é, atira as culpas para cima do coração e diz que este é que o influenciou. O coração, sempre humilde, contenta-se com as culpas e fecha-se em copas. Acaba por sofrer sozinho. Quando isto acontece nós corremos a fechar a porta a sete chaves, encobrir as janelas e tapar os buracos para que mais nada, nunca mais, volte a entrar. Choramos, gritamos, sentimos ódio, sentimos rancor, sentimo-nos injustiçados e tudo o que queremos é esquecer e desaparecer. Todas as nossas convicções vão por água abaixo. Achamos que vai ser sempre assim e que não vamos deixar mais ninguém entrar de novo, porque não queremos voltar a sofrer e porque não nos imaginamos com mais ninguém além daquela pessoa. Ela parecia perfeita, feita à nossa medida. Juramos nunca mais fazer isto nem permitir aquilo. Tudo porque quando o amor bate a porta tudo muda, e nós voltamos à antiga normalidade, aquela onde não temos corações a rodear-nos, arco-íris a proteger-nos ou estrelas maiores a iluminar-nos as noites. E depois do luto, pensamos que vamos conseguir ser felizes assim, sem mais ninguém entrar, até que o amor volta a bater à porta e nós voltamos a esquecermo-nos que um dia ele vai bater a porta.

voltei!

Cubos de Açúcar, estive a última semana fora, e sem net, por isso é que desapareci daqui. Espero que a Páscoa tenha sido boa. Mais tarde publico um texto. gmdv

quarta-feira, 4 de abril de 2012

desabafo


Pior que chorar é não conseguir fazê-lo. É sentir que as lágrimas secam na mesma velocidade que a alma nos foge e o coração se esconde do mundo. É viver mil e um sentimentos ao mesmo tempo e ainda assim parecer que não se sente nada. É esta inquietação que hoje sinto. Esta vontade de deixar a vida no canto do prato e partir. Partir para outra dimensão onde tudo é diferente. Sem certezas. Sem vontades. Sem nada. Porque eu hoje sinto isso, sinto o nada e o tudo. Sinto-me bem e mal. Sinto-me horrível. Sinto-me incapaz. Sinto-me perdida. Na vida, no destino... e na morte. Sinto-me sozinha. Sinto-me desamparada. Hoje é assim. Hoje é um dia mau. É mais um dia em que as palavras suaves me fogem e a tinta sangrenta me esborrata o sorriso. É esta mistura de ingredientes que não vai chegar nem a salada. Hoje sou isto. Hoje sou uma pessoa de alma fugidia e coração sobrevivente. Sou eu, só eu, frágil. Sou eu sem saber o que fazer. Esta sou eu a sofrer mais uma vez... porque pior que o ver feliz com outra é saber que sofre por ela. É, esta sou eu. Revoltada com a vida madrasta que levamos que o tira de mim e o entrega numa alma que lhe faz mal. Oh, esta sou eu sem vontade e sem alegria. Hoje sou assim.